JURISDIÇÃO BURGUESA E A AUTONOMIA RELATIVA DO ESTADO CAPITALISTA

CONTRIBUIÇÃO PARA UMA TEORIA CRÍTICA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Autores

  • Moisés João Rech Dicente do PPGCP pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do curso de Direito pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) https://orcid.org/0000-0002-9540-8767

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.2066

Resumo

Este artigo analisa a autonomia relativa do Estado capitalista à luz da teoria da jurisdição. O objetivo é investigar o processo de formação da jurisdição burguesa e a sua atuação na estrutura do Estado capitalista. Em um primeiro momento, é discutido o processo de formação do Estado moderno. O segundo momento analisa as mudanças histórico-conceituais da jurisdição romano-germânica para que, ao final, seja reconstruída a formação da jurisdição burguesa. A pesquisa é bibliográfica com técnica de análise de conteúdo, tendo como marco teórico o pensamento político de Nicos Poulantzas (2019). Os resultados indicam que a estatização da jurisdição modifica o sistema de coerção do trabalho e permite ao Estado monopolizar a violência para cumprir com a função de reprodutor das relações de produção. De forma conclusiva, a reconstrução da jurisdição pela teoria jurídica burguesa outorga ao Estado capitalista, em parte, sua autonomia relativa, revestindo-o de uma aparência de neutralidade.

 

Referências

ALTVATER, Elmar. Notas sobre algunos problemas del intervencionismo de Estado. In: SONNTAG, Heinz R.; VALLECILLOS, Hector (eds.). El Estado en el capitalismo contemporáneo. México: Siglo XXI, 1976, p. 88-133.

ANDERSON, Perry. Lineages of the Absolutist State. London: NLB, 1974.

ANDO, Clifford. Law, language, and empire in roman tradition. Philadelphia: Univertisy of Pennsylvania Press, 2011.

BODIN, Jean. Os seis livros da República: livro terceiro. São Paulo: Ícone, 2011.

BOITO, Armando. Os tipos de Estado e os problemas da análise poulantziana do Estado absolutista. Crítica marxista, Campinas, 1998, p. 67-88.

CHIOVENDA, Giuseppe. Instituzioni di diritto processuale civile. v. 1. Napoles: Jovene, 1933.

COSTA, Pietro. Iurisdictio: semantica del potere politico nella pubblicistica medievale (1100-1433). Milano: Giuffrè, 2002.

Corpus juris civilis: cuerpo del derecho civil romano. Trad. Ildefonso L. García del Corral. Barcelona: Jaime Molinas, 1889-1898. Disponível em: https://biblio.juridicas.unam.mx/bjv/resultados?ti%20=cuerpo+del+derecho+civil&at=Justiniano. Acesso em: 04 abr. 2021.

CRESCENZI, Victor. Per una semantica della necessitas in alcuni testi giuridici di ius commune. In: MAZZON, Antonell. (a cura di). Scritti per Isa: raccolta di studi offerti a Isa Lori Sanfilippo. Roma: Istituto Storico Italiano per il Medio Evo, 2008, p. 263- 290.

CRESCENZI, Victor. Bartolo da Sassoferrato e il problema del potere pubblico. In: CRESCENZI, Victor; ROSSI, Giovanni (a cura di). Bartolo da Sassoferrato nella cultura europea tra Medioevo e Rinascimento. Sassoferrato: Istituto internazionale di Studi Piceni “Bartolo da Sassoferrato”, 2015, p. 97-118.

FASOLT, Constantin. The limits of history. Chicago: University of Chicago Press, 2004.

GARSONNET, Eugène. Précis de Procédure Civile. 2. ed. Paris: L. Larose & Forcel, 1893.

GILMORE, Myron Piper. Argument from Roman Law in Political Thought, 1200–1600. New York: Russel & Russel, 1967.

GROSSI, Paolo. A ordem jurídica medieval. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

HESPANHA, António Manuel. A cultura jurídica europeia: síntese de um milênio. Coimbra: Almedina, 2012.

HIRSCH, Joachim. Teoria materialista do Estado. Rio de Janeiro: Revan, 2017.

HOLLOWAY, Jonh; PICCIOTTO, Sol. Introduction: Towards a Materialist Theory of the State. (Ed.). State and Capital: a marxista debate. London: Eduard Arnold, 1978, p. 1-31.

JESSOP, Bob. State theory: putting the capitalist state in its place. Cambridge: Polity Press, 1990.

LEE, Daniel. Popular Sovereignty in Early Modern Constitutional Thought. Oxford: Oxford University Press, 2016.

LOCKE, John. Second treatise of governement. Indianapolis: Hackett Publishing Company, 2010.

MAIOLO, Francesco. Medieval Sovereignty. Delft: Eburon, 2007.

MARX, Karl. Economic Manuscripts of 1857-61 [Grundrisse]. In: MARX, Karl; ENGELS, Frederick. Collected works. v. 28. London: Lawrence & Wishart, 2010.

MARX, Karl. Capital: volume I. In: MARX, Karl; ENGELS, Frederick. Collected works. v. 35. London: Lawrence & Wishart, 2010a.

MARX, Karl. Capital: volume III In: MARX, Karl; ENGELS, Frederick. Collected works. v. 37. London: Lawrence & Wishart, 2010b.

PICARDI, Nicola. La giurisdizione all'alba del terzo millennio. Milano: Giuffrè, 2007.

POULANTZAS, Nicos. Poder político e classes sociais. Campinas: Unicamp, 2019.

ROUSSEAU, Jean-Jaques. Du contrat social ou principes du droit politique. Paris: Mozambook, 2001.

SAES, Décio. A questão da autonomia relativa do Estado em Poulantzas. Crítica Marxista, São Paulo, Xamã, v. 1, n. 7, 1998, p. 46-66.

Downloads

Publicado

2025-09-23

Como Citar

Rech, M. J. (2025). JURISDIÇÃO BURGUESA E A AUTONOMIA RELATIVA DO ESTADO CAPITALISTA: CONTRIBUIÇÃO PARA UMA TEORIA CRÍTICA DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Revista Direito, Estado E Sociedade. https://doi.org/10.17808/des.2066

Edição

Seção

Artigos