O poluidor-pagador: uma nova análise de um princípio clássico / Polluter pays principle: a new analysis of a classical principle

Autores

  • Roberto Muhájir Rahnemay Rabbani Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.51.579

Palavras-chave:

Princípio do Poluidor-pagador, Direito Comparado, Meio ambiente, Proteção ambiental / Polluter-pays Principle, Comparative law, Environment, Environmental protection.

Resumo

Resumo: O princípio do poluidor-pagador surge a partir de modelos econômicos previstos na década de 1920, que visam internalizar ao poluidor os custos ambientais de sua produção. A partir destas teorias, imputa-se ao uso dos recursos naturais um valor monetário, o que possibilita a inserção da cobrança pela deterioração causada ao meio ambiente. À medida que estes modelos evoluíram, o princípio do poluidor-pagador passa, gradativamente, a ser um princípio ambiental universal. Assim, o meio ambiente passa a ser compreendido como um direito-dever de todos, materializado em especial pelo convencionado princípio do poluidor-pagador, que se consagra como uma evolução das políticas públicas na proteção ambiental. Partindo de uma ótica internacional que irradia sobre o ordenamento jurídico brasileiro, este estudo tem por objetivos analisar a criação do princípio do poluidor-pagador, sua aceitação no cenário internacional e sua incorporação no sistema normativo brasileiro, inclusive com decisões do STJ. O referencial teórico sistematiza a doutrina e as legislações comparadas da União Europeia, da Espanha e do Brasil. Os resultados da pesquisa buscam demonstrar a evolução histórica do referido princípio no cenário internacional e nacional, permitindo inferir pela sua plena aceitabilidade no sistema jurídico brasileiro. A pesquisa conclui que o princípio do poluidor-apagador não representa apenas um sinônimo de responsabilidade civil para reparação dos danos ambientais: é um instituto muito mais amplo, de cunho sancionador, indenizatório e tributário. A aplicação do princípio deve ser contínua, mesmo em épocas de retração econômica, considerando que a qualidade ambiental é requisito essencial para a subsistência do ser humano no planeta terra.

Abstract: The polluter-pays principle emerges from economic models introduced in the 1920's, that internalized environmental costs to the producers. As these economic models evolved, the polluter-pays principle starts to be accepted as a universal principle. Therefore, the environment is understood at the same time as a right and as a duty of all, embodied in the polluter-pays principle, which has established itself as an evolution of public policies in environmental protectionism. From an international perspective that radiates on the Brazilian legal system, this study aims to analyze the creation of the polluter-pays principle, its acceptance in the international arena and its incorporation into the Brazilian legal system, including its Superior Court of Justice. As benchmark it used the systematization of the doctrine and the comparative legislation of the European Union, Spain and Brazil. The results of the research seek to demonstrate how the historical evolution of the polluter pays principle in the international and national scenario allows to infer the acceptance of the principle in the Brazilian legal system. The research concludes that the polluter pays principle not only corresponds as the compensation for a damage. It is a much broader institute that incorporates sanctioning, indemnity and taxation. The application of the polluter pays principle must be continued even in times of economic retraction, considering that environmental quality is an essential requirement for the subsistence of the human being on planet earth.

Biografia do Autor

Roberto Muhájir Rahnemay Rabbani, Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB

Doutor em Direito pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha (USC), aprovado "cum laude" e doutorado europeu, com revalidação pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Fiscalidade Internacional e Comunitária pela USC. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foi bolsista de Doutorado do Ministério das Relações Exteriores e Cooperação da Espanha (MAEC-AECID). Atuou como Professor Substituto da UFS. Advogou em mais de 745 processos. Atualmente é Professor Adjunto do Curso de Direito da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Foi Professor Adjunto do Departamento de Direito, do Centro de Ensino Superior do Seridó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CERES-UFRN), onde atuou como Coordenador dos Trabalhos de Conclusão de Curso, Presidente do Núcleo Docente Estruturante (NDE), Vice-Chefe do Curso de Direito, Membro do Conselho de Centro (CONSEC), e Vice-Coordenador do Curso de Direito. Publicou livros e artigos científicos na área de Direito, Tributação Ambiental e Meio Ambiente.

Referências

ALONSO GARCÍA, E. El Derecho Ambiental de la Comunidad Europea, vol. I. Madrid: Civitas, 1993.

ANTUNES, P. D. B. Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.

ARAGÃO, M. A. S. O Princípio do Poluidor Pagador: Pedra Angular da Política Comunitária do Ambiente. Coimbra: Coimbra Editora, 1997.

ARAUJO, C. C. DE ET AL. Meio Ambiente e Sistema Tributário: Novas Perspectivas. São Paulo: SENAC, 2003.

ARNER GÜERRE, A. Ayudas públicas en la protección medioambiental: el caso de la gestión de residuos. Acciones e Investigaciones Sociales, nº 6. Zaragoza: E.U.E.S., 1997, pp. 139-150.

AZQUETA OYARZUN, D. Introducción a la Economía Ambiental. 2. ed. Madrid: McGraw-Hill, 2007.

BARR, N. Economics of the Welfare State. 5. ed. Oxford: Oxford University Press, 2012, p. 46.

BASTOS, C. R.; MARTINS, I. G. Comentários à Constituição do Brasil. Vol 6. tomo I. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

BATOR, F. M. The anatomy of market failure. The Quarterly Journal of Economics 72(3), 1958, pp. 351-379.

BAULMOL, W. J.; OATES, W. E. La Teoría de la Política Económica del Medio Ambiente. Barcelona: Bosch, 1982.

BENJAMIN, A. H. D. V. O princípio poluidor-pagador e a reparação do dano ambiental. Dano Ambiental: Prevenção, Reparação e Repressão. Antônio Herman Vasconcellos Benjamin (coord.), , São Paulo: RT, 1993, p. 227 e ss.

BUÑUEL GONZÁLEZ, M. El uso de instrumentos fiscales en la política del medio ambiente: teoría, práctica y propuesta preliminar para España. Papeles de Trabajo sobre Medio Ambiente y Economía, nº1. Madrid: Fundación Biodiversidad, 2002, p. 8;

CALAFAT MARZAL, M. C.; GARCÍA MOLLÁ, M. E PÉREZ-OLAGÜE IVANEZ DE LARA, R. Cuestiones y Problemas de Economía Ambiental. Valencia: Universidad Politécnica de Valencia, 2007.

CARMONA LARA, M. D. C. Notas para el análisis de la responsabilidad ambiental y el principio de quien contamina paga a la luz del derecho mexicano. Responsabilidad Jurídica en el Daño Ambiental. México: Instituto de Investigaciones Jurídicas (UNAM), 1998.

CEREZO LÓPEZ, J. M.; LARA DE VICENTE, F. E LÓPEZ-GUZMÁN GUZMÁN, T. J. El sujeto pasivo del tributo ambiental: una aproximación al principio de 'quien contamina, paga'. Personalidad y Capacidad Jurídicas, vol. 2,. Rafael Casado Raigón e Ignacio Gallego Domínguez (coord.). Córdoba: Universidad de Córdoba, 2005, pp. 787-801.

CHUECA SANCHO, A. G. 'Quien contamina, paga', en el derecho de la Unión Europea. Revista de Derecho de la Unión Europea, nº 15. Madrid: Constitución y Leyes, 2008 pp. 183-196.

COASE, R. H. The problem of social cost. Journal of Law and Economics, nº 3, out. 1960, pp. 1-44.

COFFEY, C. E NEWCOMBE, J. The Polluter Pays Principle and Fisheries: the Role of Taxes and Charges. London: Institute for European Environmental Policy, 2001.

COMISSÃO EUROPEIA. Meio Ambiente 2010: o Futuro Está Em Nossas Mãos. [COM (2001), 31 final]. Bruxelas, 2001.

CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Recomendação do Conselho, de 3 de Março de 1974: relativa à imputação dos custos e à intervenção dos poderes públicos em matéria de ambiente, 75/436/Euratom, CECA, CEE, Jornal Oficial nº L 194 de 25/07/1975.

DÍAZ VARGAS, A. El principio 'quien contamina paga'. Seminario sobre Instrumentos Jurídicos y Económicos para la Protección del Medio Ambiente. Oviedo: Servicio Central de Publicaciones del Principado de Asturias, 1991.

DUARTE, A. Política de alterações climáticas. Apontamentos de Política Económica. Coimbra: Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 2007.

EFFENDI, S. Compilation of baha'i writings: conservation of the earth's resources. [s.d.]: [s.l.] 1989. [Carta escrita em 1933].

EMBID IRUJO, A. La fiscalidad ambiental y los principios de su régimen jurídico: consideraciones específicas en el ámbito de las aguas continentales. Revista de Administración Pública, nº 148. Madrid: Instituto de Estudios Políticos, 1999.

ESEVERRI MARTÍNEZ, E. La jurisprudencia del Tribunal Constitucional em materia de tributación medioambiental. Tratado de Tributación Ambiental, vol. I. Cizur Menor: Tomson Aranzadi, 2008.

EUROPEAN COMMUNITY. Environment Action Plan 1973-1976, OJ C 112, 20.12.1973.

EUROPEAN UNION COMISSION. Environmental Taxes and Charges in the Single Market. Communication from the Commission, COM (97) 9 final, 26.03.1997.

FALCON Y TELLA, R. Introducción al Derecho Financiero y Tributario de las Comunidades Europeas. Madrid: Civitas, 1988.

FERRER DUPUY, P. Perspectiva Juridico-Financiera del Medio Ambiente. Tese de doutoramento inédita do Departament de Dret, Àrea de Dret Financer i Tributari. Fabra: Universitat Pompeu, 2001.

FIELD, B. C. Economía Ambiental. Madrid: Mc-GrawHill, 2003.

FUENTES BOLEDÓN, F. Incentivos medioambientales en la CEE. Revista de Derecho Ambiental, nº 6. Murcia: Ambiental, 1990, pp. 29-56.

GAGO RODRÍGUEZ, A.; LABANDEIRA VILLOT, X. La Reforma Fiscal Verde: Teoría y Práctica de los Impuestos Ambientales. Madrid: Mundi-Prensa, 1999.

GARCIA-URETA, A. Un repàs a l'evolució de les bases legals de la política ambiental de la Comunitat Econòmica Europea. Autonomies: Revista Catalana de Derecho Público, nº 15. Barcelona: [s.e.], 1992.

HARTZOK, A. Fianancing local to global public goods: an integrated green tax shift perspective. Global Institute for Taxation Conference for Tax Alternatives for the 21st Century. New York: St. John's University, jan. 2001.

HENRI, S. Le principe pollueur payeur, un principe économique erigé en principe de droit de l'environnement? Revue de Droit Internacional Public, avril-juin, nº 2, 1993, pp. 362 e ss.

HERRERA MOLINA, P. M. Derecho Tributario Ambiental: la Introducción del Interés Ambiental en el Ordenamiento Tributario. Madrid: Marcial Pons, 2000.

______. El principio 'quien contamina paga'. Tratado de Tributación Medioambiental, , vol. 1. Fernando Becker Zuazua, Luis María Cazorla Prieto, Julián Martínez-Simancas Sánchez (coord.). Navarra: Thomson Aranzadi, 2008, pp. 187-212.

______. El principio 'quien contamina, paga' desde la perspectiva jurídica. Noticias de la Unión Europea, nº 122. Valencia: Ciss Praxis, 1995, pp. 81-92.

IZCARA PALACIOS, S. P. La contaminación agraria en la Unión Europea. Revista de Desarrollo Rural y Cooperativismo Agrario, nº 7. Unidad de Economía Agraria, Departamento de Producción Animal y Ciencia de los Alimentos. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, 2003, pp. 127-144.

JORDANO FRAGA, J. La Protección del Derecho a un Medio Ambiente Adecuado. Barcelona: Bosch, 1995.

KAPP, W. K. Social Cost of Business Enterprise. Barcelona: Oikos-Tau, 1966.

KRÄMER, L. Derecho Ambiental y Tratado de la Comunidad Europea. Madrid: Marcial Pons, 1999.

LANGUE, O. E TAYLOR, F. M. On the Economyc Theory of Socialism. Minneapolis: The University of Minnesota Press, 1938.

LEMME MACHADO, P. A. Direito Ambiental Brasileiro, 3. ed., RT, São Paulo, 1991.

LÓPEZ-GUZMÁN GUZMÁN. T. J., ET AL. Financiación autonómica e incidencia fiscal de los tributos ecológicos: una reflexión en torno al principio de 'quien contamina, paga'. Revista de Estudios Regionales, nº 78. Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales. Málaga: Universidad de Málaga, 2007, pp. 401-408.

MACHADO, P. L. A. Direito Ambiental Brasileiro. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

MARTÍN FERNÁNDEZ, J. La deducción por inversión en bienes ambientales a la luz del principio 'quien contamina paga' y la prohibición de ayudas de Estado. Estudios sobre Fiscalidad de la Energía y Desarrollo Sostenible. Ramón Falcón y Tella (coord.). Madrid: Instituto de Estudios Fiscales, 2007, pp. 107-132.

______. La deducción por inversión en bienes ambientales a la luz del principio 'quien contamina paga' y la prohibición de ayudas de Estado. Noticias de la Unión Europea, nº 237. Valencia: Ciss Praxis, 2004, pp. 95-105.

MARTÍN MATEO, R. Tratado de Derecho Ambiental, vol. I. Madrid: Trivium, 1991.

MILARÉ, E. Direito do Meio Ambiente: a gestão ambiental em foco. 7. ed. São Paulo: RT , 2013.

MORENO MOLINA, A. M. La empresa y el derecho de la Unión Europea en Medio Ambiente. Derecho Medioambiental de la Unión Europea. Madrid: McGraw-Hill, 1996.

MUNIZ, I.; FALCÃO, M. V. Constituição, meio ambiente, tributação e o problema da repartição de competências. Direito Tributário Ambiental. Breno Ladeira Kingma Orlando et al. (coord.). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

NAVEIRA DE CASANOVA, G. J. Las políticas comunitarias de medio ambiente y para la protección de los consumidores: su incidencia en el Derecho comunitario europeo. Revista de Derecho Financiero y de Hacienda Pública, vol. 44, nº 233, 1994.

OECD. Guiding Principles Concerning International Economic Aspects of Environmental Policies. C(72)128, Recommendation adopted on 26th May, 1972.

______. Recommendation on the Application of the Polluter-Pays Principle to Accidental Pollution, C(89)88(Final), 7 jul. 1989.

______. The Implementation of the Polluter-Pays Principle. C(74)223, Recommendation adopted on 14th November, 1974.

______. The polluter pays principle: definition, analysis, implementation. Environmental Principes and Concepts. C(72)128, Paris: reprinted in OECD (1975), 1995.

______. The polluter-pays principle as it relates to international trade. Joint Working Party on Trade and Environment. Paris: OECD Publishing, 2008.

PAREJO ALFONSO, L. Origen y desarrollo del Derecho medioambiental en el ordenamiento comunitario europeo. Derecho Medioambiental de la Unión Europea. Madrid: McGraw-Hill, 1996, p. 49 e ss.

PIGOU, A. C. The Economics of Welfare, Macmillan, Londres, 1920.

RABBANI, R. M. R. A Tutela Jurídica do Meio Ambiente: o Caso Espanhol. São Cristóvão: UFS, 2013.

RIVAS, D. M. Insuficiencias y fallos del principio 'contaminador-pagador': un resumen. Seminario sobre Instrumentos Jurídicos y Económicos para la Protección del Medio Ambiente. Oviedo: [s.n.], 1989, pp. 191 e ss.

RODRÍGUEZ LUENGO, J. El Impuesto Especial sobre los Hidrocarburos y el Medio Ambiente. Universidad Complutense de Madrid, Instituto de Estudios Fiscales, Madrid, 2004.

ROSEMBUJ, T. Los Tributos y la Protección Medio Ambiental. Madrid: Marcial Pons, 1995.

______. Tributos ambientales. Fiscalidad Ambiental. Ana Yábar Sterling (coord.). Barcelona: Cedecs, 1998, pp. 47 e ss.

SOLER ROCH, M. T E BAYONA DE PEROGORDO, J. J. Gasto público y medio ambiente. Noticias de la Unión Europea, nº 122. Valencia: Ciss Praxis, 1995.

TOCINO BISCAROLASAGA, I. La responsabilidad civil en materia ambiental: hacia la efectiva plasmación legal del principio de quien contamina paga. La Ley: Revista Jurídica Española de Doctrina, Jurisprudencia y Bibliografía, nº 2. Madrid: Edilex, 2000, pp. 1753-1754.

TOLEDO JÁUDENES, J. El principio 'quien contamina, paga' y el canon de vertidos. Revista de Administración Pública, nº 112. Madrid: Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 1987, pp. 289-336.

UNIÃO EUROPEIA. Comunicação Impostos e Gravames Ambientais no Mercado Único. Comunicado da Comissão de 26 de março de 1997, [COM (97) 9 final - Diário Oficial C 224 de 23.7.1997]. Bruxelas: Comissão Europeia, 1997.

VAQUERA GARCÍA, A. Fiscalidad y Medio Ambiente, Lex Nova, Valladolid, 1999.

Downloads

Publicado

2018-05-06

Como Citar

Rabbani, R. M. R. (2018). O poluidor-pagador: uma nova análise de um princípio clássico / Polluter pays principle: a new analysis of a classical principle. Revista Direito, Estado E Sociedade, (51). https://doi.org/10.17808/des.51.579

Edição

Seção

Artigos