Teorias jurídicas contemporâneas: uma análise crítica sob a perspectiva institucional*

Autores

  • Rafael Bezerra de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • Carlos Bolonha Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.43.373

Palavras-chave:

Teorias Jurídicas Contemporâneas, Teoria Institucional, Interpretação constitucional

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de analisar as insuficiências do modelo principialista de interpretação-aplicação constitucional, característicos do Neoconstitucionalismo e do Novo Constitucionalismo Latinoamericano, considerados neste estudo como sendo teorias normativas per- feccionistas, prescritivas e ideais. Sustenta-se que estas teorias normativas, sob os auspícios de uma suposta efetivação plena dos direitos fundamentais, acabam por negligenciar a prática constitucional, o funcionamento das instituições e seus processos decisórios, assim como, a própria atividade institucional. Neste sentido, buscar-se-á, sob uma perspectiva institucional, uma visão alternativa que auxilie na compreensão dos desenhos e mecanismos institucionais quando do processo decisório. Conclui-se pela necessidade de rearranjo da arquitetura institucional brasileira em busca de uma configuração adequada para as instituições democráticas, a partir da superação de tradicionais concepções interpretativas e da construção de um processo político-decisório estável, simétrico, menos ativista, mais dialógico, por parte dos sujeitos constitucionais

Referências

ALEXY, Robert. Sistema jurídico, principios jurídicos y razón práctica. Traducción de Manuel Atienza. DOXA, Alicante, n. 05, pp. 139-151, 1988. Disponível em: <http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/public/

/cuaderno5/Doxa5_07.pdf?portal=4>. Acesso em: 15 set. 2013.

ALEXY, Robert. Constitucionalismo discursivo. Tradução de Luis Afonso Heck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.

ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros Editores, 2008.

ALMEIDA, Maíra V.; RANGEL, Henrique. Os Efeitos Sistêmicos na Teoria Institucional. In: Congresso Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito, 2012, Rio de Janeiro. Anais do Congresso Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação - 2012.2, 2012.

BARCELLOS, Ana Paula. As relações da filosofia do direito e a experiência jurídica. Uma visão dos séculos XVIII, XIX e XX. Algumas questões atuais, Revista Forense, Rio de Janeiro, v.96, n. 351, pp. 3-17, jul./set. 2000.

BARROSO, Luís Roberto (org.). A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Renovar, 2008a.

BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrática. Consultor Jurídico, 2008b. Disponível em:

pdf>. Acesso em: 15 set. 2013.

BARROSO, Luís Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). In: Temas de direito constitucional. Tomo II. 2. ed. rev. Rio de Janeiro: Renovar, 2009, p. 3-46.

BOBBIO, Norberto et al. Dicionário de Política. Vol. 1. Brasília: UnB, 1991.

BOLONHA, Carlos; EISENBERG, José; RANGEL, Henrique. Problemas Institucionais do Constitucionalismo Contemporâneo. Direitos Fundamentais & Justiça, Porto Alegre, v. 17, pp. 288-309, 2011.

CABALLERO, C.; TAVARES, R.S. Direito, deliberações coletivas e limites da racionalidade: uma análise dos estreitos limites da racionalidade jurídica a partir dos conceitos de cascatas sociais e polarização de grupos. Argumenta: Revista do Programa de Mestrado em Ciência Jurídica, da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP, Jacarezinho, n. 13, pp. 155-167, jul./dez. 2010.

CAILLOIS, Roger. Circonstancielles, 1946. Disponível em: <http://citations.webescence.com/citations/Roger-Caillois/pas-efforts-inutiles-Sisyphe-faisait-des-muscles-3733>. Acesso em: 23 set. 2013.

CALSAMIGLIA. Albert. Pospositivismo. DOXA, Alicante, n. 21, pp. 209-220, 1998. Disponível em: <http://bib.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/public/23582844322570740087891/cuaderno21/volI/Doxa21_12.pdf?portal=4>. Acesso: 29 ago. 2013.

CARBONELL, Miguel (org.). Neoconstitucionalismo(s). Madrid: Trotta, 2006.

CARVALHO, Ernani Rodrigues. Em busca da judicialização da política no Brasil: apontamentos para uma nova abordagem. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n. 23, pp. 115-126, nov. 2004.

COUSO, Javier. Las Democracias Radicales y el "Nuevo Constitucionalismo Latinoamericano". Disponível em: <http://www.law.yale.edu/documents/pdf/sela/SELA13_Couso_CV_Sp_20130420.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2013.

DUARTE, Écio Oto Ramos; POZZOLO, Suzanna. Neoconstitucionalismo e positivismo jurídico: as faces da Teoria do Direito em tempos de interpretação moral da constituição. 2. ed. São Paulo: Landy, 2010.

DWORKIN, Ronald. O império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo; revisão técnica: Gildo Sá Leitão Rios. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

FERRAZ, Octavio L. M. The right to health in the courts of Brazil: worsening health inequities? Health and Human Rights: an international journal, v. 11, n. 2, pp. 33-45, 2009. ISSN 1079-0969. Disponível em: <http://www.hhrjournal.org/2013/08/29/the-right-to-health-in-the-courts-of-brazil--worsening-health-inequities>. Acesso em: 24 ago. 2013.

GARGARELLA, Roberto; COURTIS, Christian. El nuevo constitucionalismo latinoamericano: promesas e interrogantes. CEPAL: Santiago de Chile, 2009.

GONÇALVES, Thiago de Oliveira. Metodologia de análise comparativa da reserva do possível: evitando-se a "importação" equivocada do conceito. Rev. Fac. Direito UFMG, Belo Horizonte, n. 58, pp. 311-346, jan./jun. 2011.

GUASTINI. Riccardo. La "constitucionalización" del ordenamiento jurídico: el caso Italiano. In: CARBONELL. M. Neoconstitucionalismo(s). Madrid: Trotta, 2006.

HIRSCHL, Ran. O novo constitucionalismo e a judicialização da política pura no mundo. Revista de Direito Administrativo FGV Direito Rio, Rio de Janeiro, v. 251, pp. 139-178, mai./ago. 2009. Disponível em:

fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/7533/6027>. Acesso em: 18 set. 2013.

HODGSON, Geoffrey M. Institutions and Individuals: Interaction and Evolution. Organization Studies, Atenas, v. 28(1), pp. 95-116, jan. 2007. Disponível em <http://www.geoffreyhodgson.info/user/image/instindiv.pd>

Acesso em: 05/03/2014.

KRELL, Andreas Joachim. Direitos sociais e controle judicial no Brasil e na Alemanha: os (des)caminhos de um direito constitucional comparado. Porto Alegre: S.A. Fabris, 2002.

MAGALHÃES, Juliana Neuenschwander. O uso criativo dos paradoxos do direito: a aplicação dos princípios gerais do direito pela corte de justiça européia. Florianópolis, 1994. Dissertação (Mestrado em Direito). Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina.

MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MOREIRA, Eduardo. Neoconstitucionalismo: a invasão da Constituição. São Paulo: Método, 2008.

NADAL, Fábio. A Constituição como mito: o mito como discurso legitimador da constituição. São Paulo: Método, 2006.

NETO, Cláudio Pereira de Souza. Teoria constitucional e democracia deliberativa: um estudo sobre o papel do direito na garantia das condições para a cooperação na deliberação democrática. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.

NEVES, Marcelo. Entre Thêmis e Leviatã: uma relação difícil: o estado democrático de direito a partir e além de Luhmann e Habermas. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules: princípios e regras constitucionais como diferença paradoxal do sistema jurídico. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.

PILDES, Richard. LEVINSON, Daryl. Separation of Parties, Not Powers. Harvard Law Review, Cambridge, v. 119, n. 1, pp. 1-73, 2006.

POSNER, Eric; VERMEULE, Adrian. The Executive Unbound: after the madisonian republic. New York: Oxford University Press, 2011.

RAWLS, John. Uma teoria da justiça.Tradução Almiro Pisetta e Lenita Maria Rímolli Esteves. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

RAWLS, John. O Liberalismo Político. 2. ed. rev. São Paulo: Ática, 2000.

SARMENTO, Daniel. SOUZA NETO, Cláudio Pereira (orgs.). A constitucionalização do direito - fundamentos teóricos e aplicações específicas. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2007.

SILVA, Cecília de Almeida; MOURA, Francisco; BERMAN, José Guilherme; VIEIRA, José Ribas; TAVARES, Rodrigo de Souza; VALLE, Vanice Regina Lírio. Diálogos institucionais e ativismo. Curitiba: Juruá, 2010.

SILVA, Virgílio Afonso da. Interpretação constitucional e sincretismo metodológico. In: Virgílio Afonso da Silva (org.). Interpretação constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005.

STRECK, Lenio Luiz. As recepções teóricas inadequadas em terrae brasilis. Revista de Direitos Fundamentais e Democracia, Curitiba, v. 10, n. 10, pp. 2-37, jul./dez. 2011a.

STRECK, Lenio Luiz Verdade e Consenso. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011b.

SUNSTEIN, Cass. A Constitution of Many Minds: Why the Founding Document Doens't Means What It Meant Before. Princeton: Princeton University Press,

SUNSTEIN, Cass. Second-order perfectionism. Fordhan Law Review, New York, v. 75, n. 6, 2006.

SUNSTEIN, Cass; VERMEULE, Adrian. Interpretation and Institutions. Chicago Public Law and Legal Theory Working Paper Series, Chicago, n. 28, 2002.

TAN, Kok-Chor.The Problem of Decent Peoples. In: MARTIN, Rex; REIDY, David A. (Org.). Rawls's Law of peoples: a realistic utopia? Malden, MA: Blackwell Publishing, 2006, p. 76-94. Disponível em: <http://wlxt.whut.edu.cn/new/ddxfzzsc/attachments/2/3/Rawls_s+Law+of+Peoples+-+A+Realistic+Utopia.pdf>. Acesso em: 21 set. 2013.

VERMEULE, Adrian. Judging Under Uncertainty: an institutional theory of legal interpretation. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2006.

VERMEULE, Adrian. Mechanisms of Democracy: Institutional Design Writ Small. Cambridge, MA: Oxford University Press, 2007.

VERMEULE, Adrian. The interaction of democratic mecanisms. Harvard Law School Public Law & Legal Theory Working Paper Series, Cambridge, n. 09-22, 2009.

VERMEULE, Adrian. The System of the Constitution. Cambridge, MA: Oxford University Press, 2011.

VICIANO. R. P; DALMAU. R. M. Aspectos generales del nuevo constitucionalismo latinoamericano. In: Corte Constitucional do Equador para el período de transición. El nuevo Constitucionalismo latinoamericano. Quito, 2010.

VIEIRA, José Ribas. Saídas institucionais ou a força do processo democrático na prevalência da Constituição? Direito Administrativo em Debate. Rio de Janeiro, fevereiro, 2009. Disponível em: <http://direitoadministrativoemdebate.wordpress.com>. Acesso em: 21 ago. 2012.

VIEIRA, José Ribas; SANTOS, Fabiana de Almeida Maia; MARQUES, Gabriel Lima; SOUZA, Rafael Bezerra de; DIAS, Sérgio Bocayuva Tavares de Oliveira. Impasses e alternativas em 200 anos de constitucionalismo latino-americano. In. RECHTD. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e

Teoria do Direito, São Leopoldo, v. 5, pp. 122-132, jul./dez. 2013.

WALDRON, Jeremy. Law and disagreement. New York: Oxford University Press, 1999.

WALDRON, Jeremy. The Core of the Case Against Judicial Review. The Yale Law Journal, New Haven, v. 115, n. 1344, 2006.

YRIGOYEN. R. Z. Y. El Pluralismo Jurídico en la historia constitucional latinoamericana: de la sujeción a la descolonización, 2010. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/194283842/3-Ryf-2010-ConstitucionalismoyPluralismo-Br>. Acesso em: 05 set. 2013.

Downloads

Publicado

2014-12-10

Como Citar

Souza, R. B. de, & Bolonha, C. (2014). Teorias jurídicas contemporâneas: uma análise crítica sob a perspectiva institucional*. Revista Direito, Estado E Sociedade, (43). https://doi.org/10.17808/des.43.373

Edição

Seção

Artigos