O elogio das aparências: Hannah Arendt e a crítica aos Direitos Humanos

Autores

  • Helena Guimarães Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.43.367

Palavras-chave:

Direitos humanos. Aparência, Dois-em-um, Acosmismo, Pensar.

Resumo

Neste estudo procede-se à análise arendtiana da tradição filosófica inaugurada por Platão, dando destaque ao papel que, segundo Arendt, ela terá tido na irrupção do sem-precedentes que traumaticamente marcou o século XX - o totalitarismo -, e perante o qual a Declaração dos Direitos do Homem viria a revelar-se uma fórmula vazia. É que, rejeitando Arendt a noção de um qualquer tipo de explicação causal para o fenómeno totalitário, não deixa de ser possível vislumbrar uma relação entre a tradição ocidental da filosofia política e o espírito da idade Moderna, como se este levasse a cabo uma radicalização dos fundamentos da primeira: o apagamento da pluralidade, o controlo da espontaneidade, a fusão de juízo e episteme, de legitimidade e obediência. Nesta linha, far-se-á também uma primeira prospecção do fundo em que assentam os alicerces do pensamento arendtiano - um fundo que está, surpreendentemente, à superfície. Depois, entrar-se-á no debate que é razão de ser maior deste trabalho, convocando a concreta História que o animou, sem por isso, sempre que se afigurou oportuno, se deixar de se evocar alguns conceitos arendtianos - que não são, afinal, senão outro rosto do dado.

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Publicado

2014-12-06

Como Citar

Guimarães, H. (2014). O elogio das aparências: Hannah Arendt e a crítica aos Direitos Humanos. Revista Direito, Estado E Sociedade, (43). https://doi.org/10.17808/des.43.367

Edição

Seção

Artigos