Eu (não) vi o que você fez: antigos dilemas regulatórios em (então) novos tempos de internet

Autores

  • Octavio Penna Pieranti Atualmente é professor no Programa de Pós-graduação em Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (PPGMiT/Faac/Unesp)

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.1855

Palavras-chave:

Internet, dilemas regulatórios, supremacia da regulação indireta, superação das fronteiras nacionais, impossibilidade de sigilo

Resumo

O estudo da internet disseminou-se, na década de 1990 e no início do atual século, em diferentes áreas do conhecimento. No Direito, foram abordados temas como garantia de direitos fundamentais, regulação, processo legislativo e tipos penais no cenário da internet. O caráter "disruptivo", "revolucionário" e "paradigmático" do novo contexto também foi realçado nessa área. O objetivo deste artigo é desmistificar a percepção de que a Internet, por suas especificidades técnicas, trouxe à luz dilemas regulatórios e jurídicos sem precedentes na história. A partir de textos que podem ser considerados clássicos sobre a discussão da internet na área do Direito, como os escritos por Reidenberg, Lessig e Berman, pretende-se demonstrar que vários dos desafios listados por esses autores já haviam sido enfrentados. São tratados especificamente três dilemas propostos nos textos clássicos sobre o tema: (a) supremacia da regulação indireta; (b) superação das fronteiras nacionais; e (c) impossibilidade de sigilo. Conclui-se que algumas análises realizadas à época apresentaram como novos dilemas situações que eram, há décadas, tratadas no âmbito das comunicações.

Biografia do Autor

Octavio Penna Pieranti, Atualmente é professor no Programa de Pós-graduação em Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (PPGMiT/Faac/Unesp)

Doutor em Administração e mestre em Administração Pública (EBAPE/FGV), com pós-doutorados em comunicação (FAC/UnB e ECO/UFRJ). Bacharel em Direito (IESB) e em Comunicação Social/Jornalismo (ECO/UFRJ). É autor/organizador de nove livros. Atualmente é professor no Programa de Pós-graduação em Mídia e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (PPGMiT/Faac/Unesp). E-mail: octavio.pieranti@gmail.com

Referências

BALKIN, Jack M. The future of free expression in a digital age. Pepperdine Law Rev., v. 36, p. 427, 2008. Disponível: http://digitalcommons.law.yale.edu/fss_papers/223/

BARLOW, John Perry. A declaration of the independence of cyberspace. Suíça, 8 fev. 1996. Disponível em: https://www.eff.org/pt-br/cyberspace-independence. Acesso em: 14 ago. 2021.

BERG, Jerome S. The early shortwave stations: a broadcasting history through 1945. North Carolina: McFarland & Company Inc., 2013.

BERMAN, Paul Schiff. Cyberspace and the state action debate: the cultural value of applying constitutional norms to private regulation. University of Colorado Law Review, v. 71, p. 1263, 2000. Disponível: https://core.ac.uk/download/pdf/13527591.pdf. Acesso em: 6 set. 2021.

BOLAÑO, César; BRITTOS, Valério Cruz. A televisão brasileira na era digital: Exclusão, esfera pública e movimentos estruturantes. São Paulo: Paulus, 2007.

BUCCI, Eugênio. Em Brasília, 19 horas: A guerra entre a chapabranca e o direito à informação no primeiro governo Lula. Rio de Janeiro, Record, 2008.

BYMAN, Daniel; LIND, Jennifer. Pyongyang's survival strategy: tools of authoritarian control in North Korea. International Security, v. 35, n. 1, p. 44-74, 2010.

CAPARELLI, Sérgio. Ditaduras e Indústrias Culturais no Brasil, na Argentina, no Chile e no Uruguai (1964-1984). Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1989.

COSTA, Sylvio; BRENER, Jayme. Coronelismo eletrônico: o governo Fernando Henrique e o novo capítulo de uma velha história. Comunicação & Política, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 2, p. 29-53, 1997.

DEL BIANCO, Nélia R.; PRATA, Nair. A construção da política pública para ocupação do FM estendido no processo de migração do AM. 42º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Belém, 2019. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2019/resumos/R14-0101-2.pdf. Acesso em: 11 jul. 2020.

FELDMAN, Maryann P. The Internet revolution and the geography of innovation. International Social Science Journal, v. 54, n. 171, p. 47-56, 2002. Disponível em: http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.684.7424&rep=rep1&type=pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

FURTADO, Rômulo Villar. Rômulo Furtado em depoimento a Vera Dantas. Rio de Janeiro: Ed. Rio, 2004.

HILLSTROM, Kevin. The internet revolution. Detroit, MI: Omnigraphics, 2005. Disponível em: https://omnigraphics.com/wp-content/uploads/shopp_files/0807679-SP.pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

JAMBEIRO, Othon. A regulação da TV no Brasil: 75 anos depois, o que temos? Estudos de Sociologia, Ano 12, n. 24, 1º semestre 2008, p. 85-104.

JAMBEIRO, Othon et alli. Tempos de Vargas: o Rádio e o Controle da Informação. Salvador: EDUFBA, 2004.

KRASNER, S. D. Global Communications and National Power: Life on the Pareto Frontier. World Politics, 3(43), 1991, p. 336-366.

KUSHNIR, Beatriz. Cães de guarda. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

LEAL FILHO, Laurindo Lalo. Vozes de Londres: Memórias Brasileiras da BBC. São Paulo: EdUSP, 2008.

LEPP, A.; PANTTI, M. Window to the West: Memories of Watching Finnish Television in Estonia during the Soviet Period. VIEW Journal of European Television History and Culture, 2(3), 2012, 76-86.

LESSIG, Lawrence. The constitution of code: limitations on choice-based critiques of cyberspace regulation. CommLaw Conspectus, v. 5, p. 181, 1997. Disponível em: https://scholarship.law.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1119&context=commlaw. Acesso em: 7 set. 2021.

_____. Code: version 2.0. New York: Basic Books, 2006.

MATTOS, Sérgio. Mídia controlada: a história da censura no Brasil e no mundo. São Paulo: Paulus, 2005.

MOTA, Maria Regina de Paula; TOME, Takashi; TAVARES, Francisco. O processo de deliberação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital: aspectos técnicos, políticos e jurídicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, XXIX, 2006, Brasília. Anais. Brasília: INTERCOM, 2006. 1 CDROM.

MOTTER, Paulino. O uso político das concessões das emissoras de rádio e televisão no governo Sarney. Comunicação & Política, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 1, p. 89-116, 1994.

OLIVEIRA, Euclides Quandt de. Renascem as Telecomunicações: Construindo a Base. São José dos Pinhais, PR: Editel, 1992.

PIERANTI, Octavio Penna. O Estado e as Comunicações no Brasil: Construção e Reconstrução da Administração Pública. Brasília, DF: Abras/Lecotec, 2011.

_____. Políticas Públicas de Radiodifusão no Governo Dilma. Brasília, DF: Universidade de Brasília, Faculdade de Comunicação, 2017.

PIERANTI, Octavio Penna; REIS, Edilon Esaú. Counterattack in Cold War? How Socialist Bloc TV Transmitted to Capitalist Europe. Mediální studia/Media Studies, issue 1/2018. Disponível em: https://octaviopieranti.files.wordpress.com/2019/12/medialni-counterattack.pdf. Acesso em: 5 set. 2021.

SMITH, Anne-Marie. Um Acordo Forçado. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

RADIN, Margaret Jane; WAGNER, R. Polk. The Myth of Private Ordering: rediscovering Legal Realism in Cyberspace. Chicago-Kent Law Review, v. 73, 1999, p. 1295-1317. Disponível em: https://scholarship.law.upenn.edu/faculty_scholarship/744. Acesso em: 25 set. 2021.

REIDENBERG, Joel R. Governing networks and rule-making in cyberspace. Emory Law Journal, v. 45, p. 911, 1996. Disponível em: https://ir.lawnet.fordham.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1028&context=faculty_scholarship. Acesso em: 7 set. 2021.

ROLANDI, F. A Filter for Western Cultural Products: the Influence of Italian Popular Culture on Yugoslavia - 1955-65. In: S.Mikkonen & P. Koivunen (Ed.). Beyond the Divide: Entangled Histories of Cold War Europe. Oxford: Berghahn Books, 2015.

ROTHBERG, Danilo; KERBAUY, Maria Teresa Miceli. Lei de telecomunicações e órgão regulador no Brasil: desafios e obstáculos à luz da experiência britânica e europeia. Estudos de Sociologia, Ano 12, n. 24, 1º semestre 2008, p. 141-56.

UNESCO. Um mundo e muitas vozes: comunicação e informação na nossa época. Rio de Janeiro: FGV, 1983.

VIVANCO, J. V. Piratas en el Éter: la Guerra Radial contra Cuba 1959-1999. La Habana: Editorial de Ciencias Sociales, 2006.

WAINER, Samuel. Minha razão de viver. Memórias de um repórter. Rio de Janeiro: Record, 1987.

WILSON, Elizabeth K.; MARSH II, G. E. Social studies and the Internet revolution. Social Education, v. 59, p. 198-198, 1995. Disponível em: https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED417119.pdf#page=191. Acesso em: 7 set. 2021.

World Radio TV Handbook - WRTH. Amsterdam: Billboard, 1990.

Downloads

Publicado

2024-03-21

Como Citar

Pieranti, O. P. (2024). Eu (não) vi o que você fez: antigos dilemas regulatórios em (então) novos tempos de internet. Revista Direito, Estado E Sociedade. https://doi.org/10.17808/des.1855

Edição

Seção

Artigos