O Estado como dispositivo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17808/des.53.949

Palavras-chave:

Estado, Dispositivo, Metadispositivo, Doxa, Teoria do Estado

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo propor uma definição epistemológica que permita evitar as armadilhas dóxicas e teológicas mais comuns ao se estudar o "Estado". Este se estrutura em cinco etapas. Primeiro, advertimos o leitor da armadilha dóxica que consiste em usar da palavra "Estado" como se este fosse uma pessoa. Segundo, a partir de uma análise etimológica, tento mostrar o quanto é contraproducente, do ponto de vista epistemológico, a tentativa de identificar alguma "essência" ao Estado. Terceiro, analiso o modelo de emergência do Estado construído por Pierre Bourdieu, que propõe uma abordagem mais agnóstica do mesmo a partir da crítica da definição (clássica) de Max Weber. Em seguida, analiso o Estado enquanto ficção jurídica, e busco identificar as principais armadilhas dóxicas relativas ao ordenamento jurídico do Estado na ordem liberal-capitalista. No final do estudo, tento dar uma definição epistemológica ao "Estado" como metadispositivo, a partir do conceito de dispositivo tal como conceituado por Michel Foucault.

Biografia do Autor

Jean-François Yves Deluchey, Universidade Federal do Pará

Doutor em Ciência Política / Políticas Públicas pela Universidade da Sorbonne Nouvelle (Paris 3). Professor Associado da Universidade Federal do Pará. Coordenador do Centro de Estudos sobre Instituições e Dispositivos Punitivos (CESIP).

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Publicado

2019-01-22

Como Citar

Deluchey, J.-F. Y. (2019). O Estado como dispositivo. Revista Direito, Estado E Sociedade, (53). https://doi.org/10.17808/des.53.949

Edição

Seção

Artigos